Coluna de Ciências

Caxumba pode esterilizar o homem!

A Caxumba não deixou o Palmeiras se classificar na Libertadores. O Nacional do Uruguai que deveria ganhar do Rosário Central da Argentina em seu próprio estádio, perdeu! Conspiração? Na verdade, mais de 6 titulares uruguaios contraíram a doença e não jogaram. Agora afeta o elenco do Grêmio. Um surto de Caxumba vai progredindo em direção ao sudeste. Em São Paulo, os casos de Caxumba aumentaram 4 vezes.

A melhor forma de prevenir-se da Caxumba é a vacina tríplice viral que faz parte do calendário oficial e aplicada em todas crianças de 12 meses nos postos de saúde e a segunda dose, aos 15 meses de idade. Adolescentes entre 10-19 anos que não foram vacinados também devem receber as duas doses. Os adultos até 49 anos não imunizados também podem ser vacinados, recebendo uma dose. A vacina não é 100% eficiente e pode falhar.

O maior problema é a ignorância de pessoas que são contra as vacinas e burlam o esquema de imunização e proteção de todos. Só pode ser ignorância, pois me recuso a acreditar que alguém faria isto por má fé com seus filhos e com demais familiares. Antes, 85% dos adultos não imunizados pegavam a doença e 33% sem apresentar sintomas, distribuindo a Caxumba para todos ao redor.

CONTÁGIO

Altamente contagiosa, a Caxumba é transmitida pelo vírus Paramyxovirus via contato direto com gotículas de saliva, chamadas de perdigotos, das pessoas infectadas na respiração, espirros e tosse. Boa parte das pessoas estão infectadas e nem sabem!

Caso a pessoa seja afetada não deve comparecer à escola ou ao trabalho durante nove dias após o início da doença. Deve-se desinfetar os objetos contaminados com secreções do nariz, boca e garganta do enfermo. O vírus pode sobreviver fora do corpo por horas, incluindo nas mãos. A vacinação de bloqueio é recomendada para quem manteve contato direto com os doentes. A pessoa infectada contamina as outras 6 dias antes e até 9 dias depois do início da doença. O período de incubação varia de 14 a 25 dias.

A DOENÇA

Ao entrar pela boca nos ductos das parótidas, o vírus se multiplica e ganha a circulação sanguínea, chegando a vários lugares como fígado, baço, tireoide, cérebro, pâncreas, pulmões, testículos e ovários. Cientificamente a caxumba é conhecida como Parotidite Viral Endêmica. Em alguns lugares chama-se papeira ou trasorelho. Os ingleses a chamam de “mumps”, pois a pessoa afetada fica com aspecto de mau humorada ou brava.

O termo Caxumba veio de Angola e significa cara inchada, tumefata ou volumosa. Em 2/3 dos pacientes há um aumento das glândulas parótidas abaixo e atrás das orelhas associado a febre, calafrios, cefaleia, dores musculares e muita fraqueza. Raramente promove complicações como meningite e surdez.

FICA ESTÉRIL

Até 30% dos homens afetados pela Caxumba têm orquite resultado da inflamação e inchaço doloroso dos testículos, o que pode eventualmente levar a esterilidade no adulto por um mecanismo que ilustra como nossa natureza é maravilhosa e intrigante! Isto ocorre dependendo da quantidade de vírus, repouso resistência do paciente!

Os vírus nos canais seminíferos nos testículos induzem a inflamação que pode destruir a fina membrana que os revestem externamente e esconde o seu interior onde são produzidos os espermatozoides. Estas janelas ou buracos abertos nos tubos faz com que o sistema imunológico entre em contato pela primeira vez com os espermatozoides.

O sistema imunológico “cataloga” as proteínas apenas durante a fase de vida intrauterina. Ao contatar os espermatozoides na caxumba, as células macrófagos do sistema imune considera-os estranhos ou antígenos. Estas células e os linfócitos fazem uma resposta imune contras as proteínas dos espermatozoides que estavam escondidas ou sequestradas dentro dos túbulos e acabam com eles!

Nossa própria resposta imunológica pode acabar com os espermatozoides quando entram em contato com eles, pois nunca foram catalogados na vida intrauterina. Um detalhe fundamental: nossos espermatozoides são fabricados a partir dos 8-9 anos de idade! A Caxumba representa uma rara oportunidade para este contato acontecer pela primeira vez. Adultos, sem e com Caxumba: nos cuidemos!