Coluna de Ciências

Por que alguns não têm câncer?

Somos 10 trilhões de células com 206 tipos de aparência e função. Quase todas duplicam-se, são zilhões de mitoses por dia. Para a célula funcionar tem um manual do usuário com 25 mil itens conhecidos como genes organizados em 23 capítulos ditos como cromossomos em folhas ou tiras de material conhecido como DNA. Tem uma cópia de segurança em cada célula. Em cada duplicação celular, rapidamente copia-se este manual e a possibilidade de algum erro é enorme.

Todos os dias algumas células defeituosas são produzidas nos tecidos ou circulam pelo corpo, independente de seus hábitos e estilo de vida. É inevitável! O organismo controla a qualidade e quantidade das células de forma absoluta. Para eliminar as células defeituosas há um sistema de controle muito refinado e eficiente.

O primeiro mecanismo é uma população de células NK ou “natural killer” que circula livremente no organismo em todos os lugares. Como verdadeiros policiais fazendo ronda, ao encontrarem uma célula atípica ou defeituosa induzem-na à morte, eliminando-se uma célula cancerosa em potencial. São autorizadas a matar frente à menor suspeita.

Como segundo mecanismo, menos “bruto”, temos as células e produtos do sistema imunológico; produzidas na medula óssea, esparramam-se pelo corpo via sanguínea. Ao detectarem as células defeituosas, os linfócitos T reconhecem e interagem diretamente ou via produtos como anticorpos e enzimas para abrir buracos na parte externa e promover a morte por uma micro-explosão celular. Este mecanismo ocorre apenas depois da certeza absoluta que são células defeituosas.

O terceiro mecanismo está incluído no manual celular do usuário. Um dos 25 mil itens diz assim: se perceber que a própria célula está defeituosa, desbloqueie o gene p53 e ela entrará no processo de suicídio celular ou apoptose: ela se fragmentará e será eliminada em pedacinhos.

Por que eu não tive câncer? A resposta mais correta é que seus mecanismos de defesa anticâncer estão funcionando bem. Por isto alimente-se bem, faça exercícios e evite usar tabaco e álcool. No entanto, o que mais debilita os sistemas de controle anticâncer é o estresse psicológico diário com preocupações, brigas, discussões, desavenças, DR ou “discutir a relação”, implicâncias, competitividade e dinheiro. Trabalhar não mata ninguém, quem leva ao câncer e seus caminhos são desgostos e mágoas!

Entre as consequências do estresse psicológico está o aumento contínuo de corticoides ou corticosteroides pela glândula suprarrenal quando estimulada diariamente por situações adversas da mente e corpo. Corticoides desorganizam e debilitam as células NK e as imunológicas, fundamentais para eliminar as células defeituosas do dia a dia que são potencialmente cancerosas.

A predisposição genética para o câncer aumenta a quantidade de células defeituosas no dia a dia, aumentando a chance de uma escapar dos mecanismos de controle. Os agentes químicos de tabaco, álcool, agrotóxicos e alimentos ultraprocessados também aumentam a quantidade destas células defeituosas pois interferem nas zilhões de duplicações ou mitoses, aumentando as chances de escaparem dos sistemas de controle. Mas se você tem bons mecanismos de controle, mesmo assim pode não ter o câncer!

Três segredos pode retardar ou prevenir o câncer:

1) Vida calma, tranquila, sem disputas e mágoas. Evite relações conflituosas, exigentes e impositivas na família e nas amizades;

2) No trabalho, faça o que goste, evite pessoas problemáticas e negativistas, dialogue e procure sempre uma função mais tranquila, mesmo que ganhe menos! Do que adianta ganhar muito ou ser importante, se depois de alguns anos gastará dinheiro e qualidade de vida com um câncer qualquer?

3) Seja assim desde cedo, pois a idade acumula os efeitos benéficos ou maléficos, além de aumentar o risco de câncer por já ter tido zilhões de proliferações celulares anos a fio. Coma e durma bem!

Na vida deveríamos seguir duas “leis”: 1ª) nunca esquente a cabeça por pequenas coisas; 2ª) todas as coisas são pequenas! Com certeza teríamos menos cânceres entre nós. Repensemos!